SIGNIFICADO DO PUJA E DAS PRECES A GANESHA

SIGNIFICADO DO PUJA E DAS PRECES A GANESHA

Geeta lyengar na Convenção de Sydney, 2003 – puja antecedente ao começo das aulas

Tradução Marcia Neves Pinto

Agora vou fazer o puja. Sempre que começamos um trabalho auspicioso, todos nós, devotos do yoga, devemos rogar a Deus. É nosso dever oferecer preces às deidades que nos mostram o auspicioso caminho a trilhar. Sem a benção do Supremo, nenhum trabalho deve ser feito. Sem a graça do Senhor nada frutificará. Tanto o sucesso quanto o fracasso são presentes do Senhor.

Antes das preces, gostaria de fazer uma introdução ao que estamos fazendo. Normalmente, quando temos que cultuar as divindades, nossas mentes se dirigem à religião, e a palavra “religião” nos faz dar um passo para trás. Porém, como estudantes de yoga, olhemos para isto de uma maneira mais inteligente, fazendo a inteligência penetrar de modo que a sabedoria possa surgir e guiar, descobrindo o que, exatamente, estamos fazendo. Quando descobrimos que algo está na escuridão e não pode ser visto, sabemos perfeitamente que precisamos de luz para vê-lo. Se o caminho está escuro, podemos usar uma tocha ou uma vela, mas a luz será necessária para que a escuridão se torne iluminada. Esta luz nos guia e remove a escuridão, conduzindo-nos adiante.

Puja significa cultuar. As divindades que estamos cultuando são significantes. De fato, é um ritual pequeno, mas bastante significante. Para receber graça, temos que ofertar. Mesmo que a oferenda se dê em forma de lembrança e recordação, a graça estará presente. Estamos cultuando os Senhores Ganesha, Vishnu, Hanuman, Patañjali e Guru. O Senhor é tão compassivo que mesmo que não saibamos o significado, se lembrarmos seu nome, ele abençoará. Mas quando oramos para Ele conhecendo o significado, nossa devoção aumenta e, obviamente, seu amor cresce. Deste modo, saibamos o significado das preces.

Assim, as preces ao Senhor Ganesha são as primeiras ofertadas.

Gana significa a tropa dos seres humanos. Também significa as classes de seres animados e inanimados, mas uma palavra mais acurada seria civis. Todos pertencemos a um lugar em particular. Eu posso vir de Pune, vocês estão em Sydney, outra pessoa pode ser de outro país, mas somos todos pertencentes à população civil daquele país, àquela área em especial, ao planeta Terra. Em outras palavras, isto fala de nós como civis, como seres humanos que estão se tornando ligeiramente polidos para estar em áreas urbanas. Este foi o modo como o mundo progrediu até o estado atual, conosco, agora, nos autodenominando completamente organizados. O Senhor Ganesha é chamado como o Senhor dos Civis, a cabeça da tropa existente na Terra. E “isha” é Deus: por isto ele é chamado Ganesha. Ele também é denominado Ganapati, aquele que governa todo o universo. Por isto as preces são dirigidas primeiramente a Ganesha, Ganapati. Ganapati é muladhara, o suporte básico de nossa existência.

O significado das preces que vamos entoar deve ser conhecido. Vakratunda-mahākāya. Essas duas palavras indicam como o Senhor se afigura. Assim como quando dizemos que somos seres humanos, com um par de olhos e de pernas, uma cabeça, um tronco, em síntese, é como nos denominamos como seres humanos. Aqui, Ganesha é projetado com estas duas palavras: vakratunda – com uma longa tromba curvada, e mahākāya, que significa enorme, até onde se refere ao corpo. Estas duas palavras indicam como é o Senhor Ganesha.

Aqueles que visitaram a Índia devem ter visto que o Senhor Ganesha tem a cabeça de elefante e é sempre projetado com uma enorme barriga: isto é como o Senhor Ganesha aparenta ser. O deus elefante com a cabeça de elefante indica o progresso do cérebro, até onde podemos nos referir aos seres humanos, dotados de um cérebro grande. Todos conhecemos a capacidade do cérebro humano, no que diz respeito à evolução, e isto é indicado pela cabeça de Ganesha: para mostrar a grandeza do elefante, que tem uma tremenda energia, uma tremenda força. Mahākāya – corpo enorme, indicando que ele é aquele que purifica e limpa os seres humanos, levando seus pecados e fazendo seu caminho muito claro.

Sūryakoti samaprabha. Vemos o sol no céu: conhecemos sua energia solar, sua luminosidade, etc, e aqui o Senhor Ganesha é comparado a milhões de sóis. Vemos o sol e conhecemos sua força e potência e, por causa deste deus solar, também temos equilíbrio nesta Terra, relativamente à ecologia e meio-ambiente. Considera-se o Senhor Ganesha como aquele que possui a luminosidade destes milhões de sóis: ele é tão luminoso quanto se mantivéssemos milhões de sóis. Sūryakoti samaprabha é a sua luz.

Nirvighnam kurume deva. Vighnam significa obstáculos. Nirvighnam significa remover os obstáculos. Deste modo, estamos saudando o Senhor desta maneira, como eu disse, vakratunda mahākāya sūryakoti. O deus se assemelha a isto – cabeça enorme, cérebro enorme e com toda aquela luminosidade. Tornando nosso caminho claro por meio da remoção de todos os obstáculos – nirvighnam. Que não existam obstáculos em nosso caminho. De que modo? Śubhakāryesu sarvadā. Śubha significa auspicioso. Karya se refere à ação. Sempre que estivermos executando ações auspiciosas, ou kārmas promissores, Ganapati removerá os obstáculos. Ele não removerá os obstáculos se estivermos indo no caminho errado ou executando ações incorretas. Por isso rogamos, sempre que executamos um trabalho auspicioso: para que torne nosso caminho claro. Uma vez que todos viemos aqui para praticar yoga, desde que estamos em um caminho auspicioso, estamos rogando para que este Senhor torne nosso caminho claro, removendo todos os obstáculos. Este é o motivo pelo qual nossa primeira prece se dirija à Ganapati, Senhor de todos os seres.

Tradução Marcia Neves Pinto, em dedicação a todos os companheiros de caminhada no caminho do yoga, sob a orientação de Rosana Seligmann: que todos tenhamos Ganesha iluminando nossos caminhos e conquistas na senda do yoga.

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